Painel reuniu representantes de instituições, associações e ONGs. Foto: Ricardo Schmidt

RIO DE JANEIRO – A Associação Nacional de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida (ANBIOTEC Brasil) esteve entre os destaques da programação do terceiro dia de atividades da Semana da Pós-graduação do IOC 2024, no Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Durante o encontro, a presidente executiva da ANBIOTEC, Vanessa Silva da Silva, ressaltou que o propósito da entidade até 2027 é fortalecer a produção e inovação do mercado nacional e internacional e ampliar o abastecimento de soluções e inovações tecnológicas em biotecnologia.

“Hoje, nós temos 69 empresas associadas e algumas delas já têm faturamento anual na faixa de bilhões de reais. Para se associar à Anbiotec é preciso ser uma empresa idônea e, em caso de startups, é preciso comprovar a qual universidade ou instituição está vinculada”, explicou a executiva. 

No mesmo dia, a Jornada Jovens Talentos permitiu que estudantes de mestrado e doutorado apresentassem seus projetos por meio de apresentações orais e pôsteres. Os melhores trabalhos foram premiados na sexta-feira (13/09), durante o encerramento da Semana. Já no penúltimo dia (12/9), o foco esteve em temas cruciais para a pós-graduação.

O painel ‘Empregabilidade/Inovação – espaço para empresas’ reuniu representantes de instituições, associações e ONGs para discutir as possibilidades de fomento e mercado após a titulação.

“A nossa Diretoria de Tecnologia busca criar alternativas para manter no país o(a) pós-graduado(a). Dentre as ações idealizadas para isso, temos o programa ‘Doutor Empreendedor: Transformando Conhecimento em Inovação’, iniciativa que já auxiliou a criação de mais de 60 startups de base científico-tecnológica, proporcionando alternativas a doutores que buscam oportunidades e bens e serviços inovadores para a sociedade”, comentou Guilherme Santos, representante da FAPERJ.

Assim como a participação da ANBIOTEC, o evento também contou com outros convidados para a missão de missão representar potenciais oportunidade de mercado para os que estão egressos no meio acadêmico. A programação do terceiro dia (11/9) da Semana da Pós-graduação do IOC 2024 incluiu ainda o retorno das tradicionais ‘Mesas científicas com docentes’, onde futuros mestres e doutores puderam discutir seus projetos de pesquisa. Esses encontros, coordenados por docentes e pós-doutorandos, abordaram temas como:

Saiba mais sobre o evento:

‘Transformando conhecimento em inovação’ foi o tema da apresentação de Natali Emerick, gerente de articulações corporativas do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo ela, a tríade universitária ‘ensino, pesquisa e extensão’ está presente nas ações do Parque, sobretudo no que diz respeito ao terceiro eixo (extensão).

“Vemos a extensão como o impacto direto da inovação na sociedade. Sempre que somos procurados por alguma empresa, perguntamos quais são os desafios tecnológicos que ela enfrenta e quais competências na UFRJ podem resolver esses desafios. E é aí que vocês, pós-graduandos, entram”, ressaltou.

Participante do painel, a coordenadora da Plataforma de Apoio à Pesquisa e Inovação (PAPI/IOC), Aline Moraes, chamou atenção para as conquistas oriundas da Lei de Inovação. 

“A Lei de Inovação completou duas décadas este ano. Tudo o que vimos nestas apresentações vem dela e também do que a gente viveu na pandemia. A Covid-19 mostrou como precisamos investir em tecnologias inovadoras para não ficarmos à mercê do mercado internacional”, disse.

A palestra ‘A internacionalização na pós-graduação: muito além da mobilidade’, ministrada pelo pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Henrique Braz da Silva, e pela coordenadora do Programa de Pós em Medicina Tropical, Vanessa Salete de Paula, abriu a programação do período da tarde. 

Durante a apresentação, Paulo e Vanessa pontuaram as dificuldades enfrentadas pelas respectivas instituições em relação à internacionalização, reforçaram a importância de uma política institucional voltada para o tema e elencaram as principais fontes de financiamento nacionais e internacionais.   

“A USP tem cerca de cem mil alunos e 40% são de pós-graduação. Se não existir uma política de internacionalização para esse quantitativo, a universidade não tem como sustentar. Precisamos entender que internacionalização não é prêmio. Ela deve fazer parte do projeto institucional e permear o percurso formativo de todos os estudantes”, declarou Paulo.

“Para a pós-graduação do IOC internacionalizar precisamos trabalhar em parceria, porque os editais surgem e, muitas vezes, não temos tempo hábil para elaborar e submeter os projetos que os programas têm”, alertou. 

A programação do quarto dia foi concluída com a mesa de discussão ‘Inteligência Artificial e a Integridade na Pesquisa Acadêmica’, comandada pelo pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rafael Cardoso Sampaio, e pela coordenadora da Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas do IOC, Ana Carolina Ramos Guimarães.

Rafael Cardoso ressaltou a falta de instrumentos regulatórios sobre o tema nas instituições de pesquisa. Foto: Ricardo Schmidt 

“Ao contrário do que muitos imaginam, a inteligência artificial não é algo tão atual. Esse campo de estudo foi originado na década de 1950. Nossos celulares, redes sociais digitais e outros dispositivos e aplicativos fazem uso de IA há bastante tempo, assim como a produção científica acadêmica”, sinalizou Ana Carolina.

Já Rafael chamou atenção para a ausência de materiais disponíveis em português a respeito do assunto.

“Parece haver um vácuo regulatório de instituições de pesquisa, pois professores, pesquisadores e editores parecem continuar à própria sorte, mesmo um ano após o lançamento do ChatGPT, por exemplo”, completou. (Com informações: ANBIOTEC e Instituto Oswaldo Cruz).

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