Anbiotec

Empresas de Minas Gerais fabricam testes para coronavírus

Dos 10 milhões de testes rápidos para detecção do novo coronavírus (Covid-19) que o Ministério da Saúde vai distribuir entre as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do País, grande parte poderá ser fabricada em Minas Gerais. Cinco, das 15 empresas com certificação para disponibilizar os exames, são mineiras, número que deverá dobrar nas próximas semanas.

A informação é da diretora Executiva da Associação Nacional de Biotecnologia e Ciências da Vida (Anbiotec Brasil), com sede no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), Vanessa Silva. Segundo ela, a Capital é, hoje, a principal cidade brasileira no desenvolvimento de diagnósticos in vitro e abriga importantes empresas fabricantes de testes rápidos para identificação de doenças.

Destas, cinco já obtiveram a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fabricar os testes para detectar o coronavírus. São elas: Biocon Diagnósticos, sediada no bairro Carlos Prates; Eco Diagnóstica, de Nova Lima, na Região Metropolitana; Celer Biotecnologia, localizada no Padre Eustáquio; Labtest Diagnóstica, instalada em Lagoa Santa; e a QR Consulting, também em Nova Lima.

Procurada pela reportagem, a ANVISA informou que já foram autorizados, ao todo, 17 testes para facilitar o diagnóstico do novo coronavírus no Brasil. Dos 17, sete estão sendo produzidos por empresas mineiras. A reportagem não conseguiu contato com as empresas mineiras certificadas.

Conforme Vanessa Silva, com a aprovação e certificação das empresas, a Anbiotec já começa a trabalhar também a logística de insumos e testes. “Primeiro houve uma preparação para a produção. Agora é preciso pensar não apenas na chegada dos insumos, mas na distribuição dos exames, uma vez que temos fronteiras fechadas, portos e aeroportos com operações limitadas pelo País”, informou. Em relação à China, por exemplo, a diretora disse que o gigante asiático já informou que somente vai liberar diagnósticos com a certificação local. Para ela, isso é muito importante, pois atesta a qualidade dos exames. “Como qualquer teste laboratorial existe percentual de erro, mas por se tratar de uma questão de saúde pública, minimizá-los é crucial”, alertou.

Por isso, a entidade já iniciou um trabalho de qualificação e informação junto aos associados, não apenas os fabricantes dos testes, mas também de outros equipamentos médico hospitalares, como forma de sanar as dúvidas relacionadas ao controle de qualidade e a vigilância sanitária do País.

A Anbiotec Brasil também criou canais de conexão para coordenar as demandas relacionadas a produtos e serviços disponíveis, desenvolvimento de novas soluções e tecnologias e outros assuntos relacionados ao combate do coronavírus. Para isso, dividiu as áreas em canais de mercado, soluções inovadoras, orientações legais, regulatório, comércio exterior e logística, financiamento e editais.

Por fim, conforme a entidade, empresas associadas da rede de bionegócios já estão desenvolvendo em todo o Brasil soluções tecnológicas referentes ao coronavírus, que não apenas a fabricação dos testes rápidos, mas em outras áreas. Como exemplo, a startup iBench, que está oferecendo produtos de diversos fornecedores nacionais, inclusive a matéria-prima para os testes do Covid-19, reagentes e insumos para os testes de diagnóstico como taq e Master Mix produzidos por biotecnologia nacional.

A empresa Enzytec Biotecnologia, que trabalha no desenvolvimento de kits diagnóstico e registro de produtos junto à Anvisa, está apoiando gratuitamente as indústrias nacionais nos primeiros registros de produtos para detecção do coronavírus no Brasil. Já a startup Pickcells desenvolveu um algoritmo para identificar pneumonia em exames de imagens.

Reportagem originalmente publicada no Diário do Comércio