Friday, December 18, 2020
“A nacionalização de insumos para a cadeia do setor de Biotecnologia precisa ser tratada como assunto estratégico, com foco, acima de tudo, de qualidade, de segurança regulatória e de preços competitivos.” A avaliação é da presidente da AnbiotecBrasil, Vanessa Silva da Silva, ao sintetizar algumas das principais conclusões do evento “Desafios em inovar no contexto da Covid19 – Impactos e perspectivas da biotecnologia”, que reuniu, na internet, cientistas, empresários e representantes de instituições governamentais para debater os impactos da Covid-19 e as perspectivas da biotecnologia no cenário da pandemia.
A chegada da pandemia deu visibilidade para a capacidade de resposta da comunidade científica, de pesquisa e desenvolvimento de produtos voltados ao combate do vírus. Com o envolvimento essencial da biotecnologia, houve uma busca por respostas ágeis, capazes de oferecer soluções para a demanda de apoio ao tratamento da população.
Também tornou público o tema da biotecnologia, que padece de desconhecimento diante da sociedade em geral, incluindo os consumidores de produtos disponíveis no mercado. Há uma necessidade de divulgação. Como na questão dos testes. As mulheres utilizam testes de gravidez, por exemplo, mas desconhecem como eles são feitos.
Mas a pandemia também foi reveladora dos desafios e da precariedade do sistema de produção brasileira de insumos, testes e equipamentos. Ficou evidente a dependência externa, de insumos até tecnologias. Os participantes do encontro vivenciaram situações dentro das empresas e instituições públicas e privadas que evidenciaram a realidade marcada por carência de oferta de recursos de prevenção, diagnóstico e tratamento, entre outras questões da saúde.
As experiências desenvolvidas em laboratórios de empresas e universidades também levantaram a percepção sobre a contrapartida positiva de que o país tem capacidade técnica, científica e mercadológica para ser autossuficiente em suprir tais demandas.
No entanto, é fundamental uma organização conjunta de todos os setores para agirem de forma a atingir resultados concretos, que podem refletir até mesmo em um posicionamento do setor da biotecnologia brasileira de forma competitiva em cenário global. Para os debatedores, o fortalecimento da biotecnologia brasileira é uma questão de soberania e cidadania. É necessário romper com as contradições do sistema tributário, por exemplo. A importação de insumos e tecnologias essenciais é tributada, enquanto a compra de um iate tem isenção.
“Não podemos aceitar ainda as altas taxas de impostos, que tornam inviáveis a fabricação destes insumos no país, desestimulando a industrialização da base de nossa cadeia”, assinala a presidente da AnbiotecBrasil.
Os participantes do encontro reivindicam a necessidade de estimular a ciência e tecnologia na vida pública e privada. “A AnbiotecBrasil, como representante do setor de biotecnologia Brasileiro, precisa defender esta bandeira, em conjunto com as empresas e toda a comunidade científica do país”, afirma Vanessa Silva.
Confira o debate:
“Desafios em inovar no contexto da Covid19 – Impactos e perspectivas da biotecnologia”