Wednesday, December 02, 2020
Pesquisar produtos, comparar preços e comprar pela Internet não é nenhuma novidade. Basta realizar uma simples busca na rede para que o usuário tenha acesso a diversas opções. Mas, quando se trata de ciência, comprar produtos laboratoriais não é uma coisa tão fácil assim. Ou melhor, não era. Porque há dois anos a startup iBench, único marketplace do ramo no País, conecta cientistas e fornecedores, facilitando o processo de aquisição de insumos para a realização de projetos científicos. A empresa foi umas das 21 selecionadas pelo edital do Programa Mulheres Inovadoras, uma iniciativa da Finep, Financiadora de Inovação e Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Fundada por pesquisadoras de bancada, as biomédicas Andreia Oliveira e Débora Moretti, a iBench surgiu a partir da experiência pessoal de suas criadoras. “Em média, o cientista perde até 30% do seu tempo só para adquirir os materiais necessários para o experimento. Quando ele recebe o fomento, precisa gastar o dinheiro de forma estratégica e prestar conta, além de gerir e executar o próprio projeto. Os fornecedores vendem de porta em porta e o processo de compra é lento e burocrático”, explica a CEO Andreia Oliveira, ressaltando que a pandemia do coronavírus tornou ainda mais clara a necessidade dessa mudança de cultura. “Nosso objetivo é simplificar a vida do cientista, para que ele possa se dedicar mais à pesquisa. E um dos caminhos para isso é a transformação digital: desde o caderno de protocolo do laboratório até a prestação de contas, toda a jornada do cientista pode ser digital”, continua.
Além do modelo de compra e venda tradicional, segundo Andreia, em muitos laboratórios nas universidades brasileiras, os procedimentos de controle de estoque, vencimentos de produtos e protocolos ainda são feitos de forma manual. “Não somos treinados para sermos gestores, somos formados para sermos cientistas. Mas se tivéssemos uma mãozinha no processo de gestão, poderíamos sofrer menos com atrasos, preços altos, produtos fora da validade etc. Por isso vamos criar um produto iBench tanto para prestação de contas quanto para a gestão laboratorial. Esses novos produtos poderão ser oferecidos em um único pacote”, almeja.
Nesse sentido, a CEO destaca a importância do Programa Mulheres Inovadoras, da Finep/MCTI: “um dos melhores que a iBench já participou em formação e conhecimento do modelo público. Uma orientação fundamental para entendermos o nosso mercado, os dados desse mercado e nosso público alvo. Agora estamos ainda melhor preparadas para conversar e interagir com eles dentro da ciência. Nós já conhecíamos nosso mercado, mas a abordagem aos diferentes atores do ecossistema precisa ser sempre refinada e repensada”.
Em sua fundação, no ano de 2018, a iBench contava com quatro pessoas. Hoje a equipe é composta por onze. Os objetivos também se expandiram e, atualmente, a startup tem um compromisso com a valorização da biotecnologia nacional. “Várias empresas do nosso catálogo representam o Brasil muito bem. Quando comparamos com o cenário internacional, são os mesmos produtos, com a mesma eficiência, dos mais diversos tipos: biologia molecular, tampões, soluções etc. Ou seja, além do insumo chegar mais rápido na bancada do laboratório, por um preço mais justo, ainda estamos cooperando para o desenvolvimento socioeconômico do País”, comemora Andreia, confiante de que, nos próximos cinco anos, a iBench se torne referência para a ciência brasileira.
Mulheres Inovadoras
O programa é uma atividade decorrente do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Finep e a prefeitura do município de São Paulo, que tem como finalidade apoiar o empreendedorismo feminino, procurando utilizar a experiência das instituições na formulação de políticas, coordenação de programas e aporte de recursos para o apoio a empresas nascentes inovadoras e de base tecnológica.
A iniciativa conta, ainda, com o apoio de parcerias engajadas em alavancar a participação feminina no empreendedorismo, como a RME – Rede Mulher Empreendedora, Adesampa e Founder Institute.
Fonte: Matéria publicada no site da Finep